terça-feira, 22 de agosto de 2006

EGO II – A garrafa e o ganso


Continuando na mesma linha do post anterior...


Mas como se consegue perceber o Ego e sair desta ilusão?

Alguns autores referem expressamente que este se manifesta posicionando-nos no passado, e com base nas nossas vivências, projecta-nos no futuro. Em muitas circunstâncias os nossos pensamentos mais egoicos são recorrentes. É o tal disco falhado cujo a música se repete ciclicamente.


Outros autores como por exemplo: Eckhart Tolle ou Osho, referem o Ego como algo com o que nos identificamos e cuja origem corresponde às vivências e rotinas que assumimos perante a sociedade e nós próprios.


Vejamos o caso de alguém que vivenciando uma separação, continua a manter em sua mente, o corpo de dor que tal lhe causou, mudando o seu comportamento e sentimento perante o outro, dando lugar a emoções de raiva, angústia, incerteza, vingança... O mais interessante é reparar que muitas vezes, já depois dessa separação e divórcio se terem consumada, e até perante uma nova relação, esse mesmo tipo de comportamentos se mantém sem que haja um motivo. É estranho perceber que é difícil sair deste ciclo ou corpo de dor, criado pela mente, e com o qual nos passámos a identificar, sem nos aperceber que ele não somos nós nem o outro.

Osho conta uma história à cerca de um mestre que para ensinar tal facto a um dos seus discípulos lhe coloca o seguinte paradoxo: “Imagina que tens um ganso pequeno e o colocas numa garrafa de vidro e o vais alimentando. Vai chegar a uma altura em que ele engorda e só o consegues tirar de lá se partires a garrafa ou matares o ganso, o que não é permitido. Então o que fazer?

O discípulo continuou a pensar neste paradoxo até que se apercebeu que o seu mestre não estava minimamente preocupado, nem com o ganso e muito menos com a garrafa... este paradoxo era apenas uma charada, uma metáfora. A garrafa era a mente e o que nós somos é o ganso... apercebendo-nos disso é então possível sair da garrafa. Na maioria das situações e apesar de não sermos a mente identificamo-nos tanto com ela que julgamos fazer parte dela! Julgamos que estamos dentro dela!”

Referindo isso ao Mestre ele ainda realçou: “Compreendeste. Bravo!!! Agora mantém sempre o ganso do lado de fora da garrafa pois ele nunca esteve lá dentro.”

Agora apetece-me terminar este post, que já vai muito longo, referindo que na vida do dia a dia, a sociedade, os estilos de vida, fazem com que vamos moldando estas “garrafas” (o EGO) e o pior é que nos vamos colocando lá dentro porque no identificamos com elas. A nossa verdadeira liberdade só a conquistamos quando percebemos que existimos fora delas.

De nada servirá deixarmos uma “garrafa” para entrar noutra. Reparem que afinal as “garrafas” até nos podem dar jeito para o dia-a-dia desde que não sejamos o “ganso” que ache que vive bem dentro delas.

Voem alto... mas bem mais alto como o voo da águia.

Fiquem bem.

(A Mónada)

1 comentário:

Anónimo disse...

O que dizes, acabei d eo ler, numa outra versão, no livro II de Conversas com Deus by Neale Donald Walsch. Marquei a página, mas o marcador caíu! Vou ter que reler para voltar a encontrar....

rosario