domingo, 29 de maio de 2016

O Peregrino da Mudança


"Quando vos empenhais no caminho da verdadeira evolução, sois semelhantes ao viajante que passa uma fronteira. Como transportais convosco todo o tipo de bagagens esquisitas, acumuladas ao longo de milénios, os guardas alfandegários mandam-vos parar e dizem-vos: «Meu amigo, o caminho é longo e áspero, esses objetos com que estás carregado são empecilhos, são inúteis e até nocivos; deves deixá-los aqui.» E obrigam-vos a libertardes-vos daquilo que é pesado, obscuro, e que vos impede de vibrar em uníssono com a pureza e a luz que quereis atingir.

Esta passagem da fronteira não é fácil, pois é sempre doloroso renunciar. Mas, uma vez que desejais elevar-vos, deveis aceitar o preço que isso tem. Perseverai e, em breve, passareis uma outra alfândega, a fronteira de um outro território, até chegardes completamente libertos a essa região celeste onde vos fundireis com a nascente da vida eterna."

Mais um excelente texto de Omraam Mikhaël Aïvanhov que de uma forma muito simples nos explica o que devemos fazer para evoluir, libertando-nos do lastro emocional que trazemos, não só o desta vida mas também de outras passadas.

Porém o que à partida parece fácil não o é de facto no dia-a-dia. É simples e fácil pensar-se que nós não somos as emoções, pensamentos e sentimentos que vamos gerando ao longo da vida, muitas vezes criados por egos muito fortes e complexos. Também é simples e fácil de entender que sendo nós, na nossa essência, apenas LUZ e AMOR, deveria ser igualmente fácil desapegarmo-nos de todas as essas frequências mais densas e obscuras.

No entanto o Ser não é só a sua essência Divina, também é um complexo sistema biológico, energizado por uma consciência e uma alma, que congrega múltiplas moléculas terrenas e as transforma em células e num ser Humano com um corpo, capaz de processar pensamentos complexos, criando por isso o seu próprio corpo mental e emocional, com base em memórias passadas e condicionado por um genoma que é único no Universo, herdado a partir da sua própria ancestralidade.

Todo o ser Humano tem por base uma engenharia biológica e bioquímica que condiciona o seu próprio funcionamento, de alguma forma amarrando-nos a uma realidade baseada em percepções de órgãos sensoriais muito limitados. Perante ela, a qual acaba por ser uma criação holográfica própria, a nossa alma espera evoluir criando e  desenvolvendo diversas formas de expressar a sua própria essência de AMOR e LUZ.

São pois as limitações da nossa própria biologia associadas às nossas memórias que tornam difícil o que afinal parecia simples. Começando, por exemplo, no princípio de que TODOS somo UM, e que desde logo temos muita dificuldade em perceber, sobretudo porque somos seres duais e egocêntricos e que por isso só somos capazes de assumir a nossa própria individualidade e precisamos de apelar à nossa compaixão para podermos ir mais além.

Isto porque vivemos muitas vidas passadas em que vivemos todas as imensas ilusões do próprio processo da evolução civilizacional que nos conduziram às diversas formas perversas de darwinismo social (esta é a forma pomposa que alguns autores apelidam às diversas atrocidades e atentados cometidos contra o princípio de: TODOS somos UM, ao longo da História da Humanidade).

Por isso, quando o autor do texto nos apela a deixarmos todo este lastro se quisermos evoluir enquanto almas, o que nos é pedido torna-se muito doloroso pois estamos muito presos a todas estas memórias e é-nos exigido mudarmos de paradigma racional, que logo à partida é contra natura e depois acaba também sendo contra a ordem vigente nas diversas sociedades humanas.

Tudo isto torna-nos por isso peregrinos numa caminhada de retorno à nossa Essência. Muitas vezes com a sensação de avançarmos sós e sem termos muitas referências que nos possam servir de guias, mas não há outra forma. No entanto, quando empreendemos a caminhada, vamos contar com toda a ajuda Divina, apenas precisarmos de passar a tal “fronteira” que igualmente nos refere o autor do texto e termos Fé.

É tempo de mudança. É tempo de empreenderes a tua marcha. E só por já te identificares com este desejo, começa por te sentires muito AMADO. Aceita que os tais “guardas alfandegários” te ensinem o caminho do desapego. Depois vem!... Vem daí para este lado da “Fronteira”...

Fica bem...

(A Mónada)

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