"Vós confiais, considerais uma
determinada pessoa como um amigo fiel ou um bom colaborador, mas eis que um
dia, por acaso, descobris que, na realidade, ela vos trai, finge e age contra
vós… Evidentemente, é uma grande decepção, mas, se tiverdes sabedoria e força
suficientes para isso, e sobretudo se compreendestes o que é o amor verdadeiro,
não corteis relações com ela, não a censureis, não lhe mostreis sequer que
descobristes a sua hipocrisia. Estais atentos para que ela não abuse de vós,
mas continuai a agir normalmente em relação a ela, como fazíeis antes.
Não se ganha nada em cortar
brutalmente as pontes com uma pessoa próxima ou um colaborador cuja falsidade
se acabou de descobrir. Pelo contrário, até se pode ganhar muito tendo uma atitude
que talvez lhe permita reconhecer e até reparar os seus erros. A questão está
sempre em saber se se quer realmente resolver um assunto delicado de forma
duradoura ou somente acertar contas a nível pessoal."
Mais um excelente texto de Omraam
Mikhaël Aïvanhov que nos ensina a resolver situações de traição e de abuso, de
outra forma que não é muito usual ainda nos nossos dias.
Normalmente, sob o
efeito emocional da grande decepção, a primeira reação é considerar a pessoa
como adversária ou até inimiga, tentando isolá-la, cortando relações e chamando-lhe à atenção. Tal
normalmente resulta em conflitos, em lutas de egos que nada resolvem e que
normalmente só servem para se extremarem posições e haver lugar a mágoas e a ressentimentos.
O que o autor do texto nos ensina é
que, com os olhos do AMOR, nunca deveremos de cortar relações perante a
hipocrisia e a falsidade detetada. Muito pelo contrário, devemos até estreitá-las de forma a permitir que a pessoa em causa possa reconhecer e
reparar os seus erros e assim contribuir para a sua formação e evolução.
Não é de forma alguma ceder e até
imolarmo-nos perante a maldade, é antes ficar vigilantes, impor limites de
atuação e tentar entender as razões que a movem, pois existem sempre razões que
fazem com que essa pessoa seja levada a reagir assim. Para além disso, a
vigilância permite atuar muito mais em cima dos acontecimentos, evitando para
ambos os lados males maiores e ajudando o outro a reconhecer eventuais erros
cometidos no passado até mesmo sem que ele se aperceba.
Nas artes marciais, perante o
adversário, pois nunca se assumem inimigos, aprende-se a nunca agir contra e a não resistir. É preferível heroicamente ir-se sempre ao seu encontro e se
for caso disso até juntar a sua energia à nossa para aplicar o golpe que possa
preservar a nossa posição, levando a ele a reconhecer que o ataque nunca é a
melhor arma, ou que as técnicas que usa não são as melhores.
Ir ao encontro seja de quem for que
nos queira agredir, trair ou que nos tenha decepcionado, obedece ao mesmo
princípio de sabedoria de nunca apresentar resistência a tudo o que nos possa
magoar, nem que isso nos leve a dar a outra face como Jesus nos ensinou.
Mas
nunca tal se deve fazer com o sentido da nossa imolação ou sacrifício pois tal corresponderia a um ato de falta de respeito, falta de amor próprio e de
assunção da dor e do sofrimento para nós, que é o oposto ao AMOR.
Não foi esse o sentido
com que Jesus deu a outra face, mas
antes, o de ir ao encontro de quem o pretendia agredir, sentindo uma imensa
compaixão por ele. É a compaixão e o imenso AMOR que
devemos sentir dentro de nós que nos fará reagir assim.
Sintam-se por isso sempre imensamente
AMADOS.
Fiquem bem...
(A Mónada)
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