sábado, 6 de outubro de 2018

Os APEGOS


“Havia um certo general chinês que, em batalha, liderava os seus homens com coragem e força destemida. Nada o fazia vacilar e nada o fazia sentir medo, pois a sua convicção e determinação eram inabaláveis. Era um autêntico e reconhecido herói da guerra.

Certo dia estava em sua casa a tomar chá na sua relíquia mais adorada – uma bela e requintada chávena de porcelana finamente decorada – ele era profundamente apegado àquela peça, que lhe tinha sido legada pelo seu avô, e por isso tinha-lhe uma grande estima. Quando fez um gesto de a colocar na mesa e a sua mão vacilou e a chávena começou a cair no chão. Terrificado com o temor de que a peça se quebrasse, o general lançou-se ao chão e, no último momento conseguiu apanhá-la.

Ainda tenso, a tremer e com suores frios, o general então pensou e ganhou consciência do que tinha sentido e disse para si mesmo:
- Então eu liderei homens em guerras terríveis e passei por tantos momentos assustadores na vida sem jamais vacilar, como é possível ter sentido tal temor por causa de um pequeno objecto de porcelana?!?

Nesse momento, o general percebeu plenamente a natureza dos seus apegos nesta vida. Em consequência, deixou cair a chávena ao chão, voltou-se para a vida contemplativa e abandonou por completo a violência e a paixão ignorantes.”

Texto do livro: Brumas do Tempo de José Caldas (org.)

Ganhar consciência dos nossos apegos é essencial pois, como vimos nesta pequena história, eles retiram-nos do nosso centro e enchem-nos de medos e temores, que no mínimo nos fazem vacilar, paralisar e até, em certos casos, adoecer.

Os apegos, assim como as zonas mais sombrias da nossa alma, estão lá no fundo, no nosso mundo mais inconsciente, e por isso são difíceis de detectar, o que torna completamente incontrolável o momento em que eles vêm à superfície e se tornam conscientes. E quando tal acontece, normalmente não é quando estamos calmamente a tomar chá, mas sim nos piores momentos das nossas vidas, como se quisessem ainda acentuar mais a nossa dor ou sofrimento.

Assim, há que tornar conscientes estes apegos de forma a podermos exorcizar os medos e temores que lhe estão ligados.

Curiosamente esta história fez-me lembrar a vida de D. Nuno Álvares Pereira, que na nossa História tornou-se conhecido como o destemido general que conduziu as tropas Portuguesas nas diversas batalhas contra os castelhanos, no tempo em que estava em causa a independência de Portugal e que depois, à medida que foi ganhando consciência dos seus apegos se voltou para a vida contemplativa e se tornou no Santo Contestável.

E tu aí, que estás a ler este texto. Quais são os teus apegos nesta vida? Não me digas que não os tens, pois todos nós os temos. Provavelmente ainda não os tornaste conscientes... Serão os filhos? O dinheiro? O automóvel? A casa? O companheiro desta vida? A saúde?...

Não precisas de partir a chávena, como fez o general na história, mas precisas de ganhar consciência do medo que lhe está associado e libertares-te dele. Pois Tu não és esse apego, e muito menos esse medo da Perda que possas vir a sentir.

Tu és um Ser de LUZ muito amado por Pai/Mãe Fonte que tudo É.

Fica bem

(A Mónada)

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