Tradição
pode significar trazer velhas rotinas, mais ou menos dolorosas do passado
à lembrança, e que poderão não corresponder à vibração que já tens hoje.
E
assim é, quando elas de alguma forma te trazem lembranças de dor e sofrimento.
Tal corresponde a teres ainda zonas sombrias no teu interior as quais, mais
tarde ou mais cedo retornarão, enquanto não forem devidamente encaradas, perdoadas e
transmutadas.
Como exemplo, pergunto-te como é que é possível que Portugal ainda mantenha uma tradição tauromáquica sob a desculpa de
ser arte, que ainda por cima foi alterada no tempo do "Estado Novo" deturpando e escamoteando a tradição inicial dos touros de morte nas
arenas das Praças de Touros? Veja-se o que se passa ultimamente, em que várias petições de
touros de morte vão chegando oriundas de diversos pontos do país, e que acabam por ser autorizadas sob qualquer tipo de pretexto de base sócio cultural.
Agora repara bem que, o que fere a tua consciência, é o sofrimento do animal, ainda por
cima enquanto assumido como espetáculo de entretenimento público, que mesmo não tendo a morte como fim, não
deixa de infligir sofrimento e dor ao touro, que apenas tenta fazer
valer os seus instintos de autodefesa. A
isto chamamos de "tradição à Portuguesa", mal assumida e já por muitos renunciada, com forcados e tudo, a demonstrar a sua "grande coragem" ao confrontarem-se com um animal ferido de morte.
Lembrem-se que, nunca o infligir do sofrimento alheio, mesmo que seja de um animal, deve ser considerado uma arte ou base cultural de um povo. A este tipo de tradições há que renunciar e transmutar todo o sofrimento cármico que a inconsciência e a ignorância ainda vão manifestando.
Agora
uma coisa é certa, não é renunciando à nacionalidade ou mudando de residência
para outro país que as coisas mudam. Não é virar as costas a esta situação que
deixas de sentir que já não existe esta memória cármica do povo, a que escolheste pertencer nesta encarnação, pois isso é que seria renunciar por completo à tua verdade.
O
que podes fazer é ajudar a expandir a consciência de todos, para que estes sintam que todos os atos
que inflijam sofrimento e dor a qualquer ser vivo devem terminar, pois a
energia presente neles é oposta ao Amor, e por isso nunca deve ser classificada como
arte ou como qualquer atividade cultural de um povo.
Não está em causa a morte, pois ela é um portal por onde todos os seres vivos terão de passar, mas sim ser intencionalmente provocada pelo gozo e gaudio daqueles que assistindo de bancada ao sofrimento do animal, julgam ver arte num confronto desigual entre o animal e o homem.
Não está em causa a morte, pois ela é um portal por onde todos os seres vivos terão de passar, mas sim ser intencionalmente provocada pelo gozo e gaudio daqueles que assistindo de bancada ao sofrimento do animal, julgam ver arte num confronto desigual entre o animal e o homem.
Mas
só vos trouxe este exemplo para que possam sentir o que são as tradições. Elas
não são boas nem más. Elas não são como alguns lhe chamam de “traz adição” ou
seja, de trazerem o vício e o odioso que está por de trás do prazer que a tradição possa dar. Isto é
ter uma visão negativa de todas as tradições, o que não deixa de ser dualista e
por isso mesmo egoica.
Vejam-nas
com os olhos de Deus tendo por
base o amor, e sintam como é que elas deveriam ser alteradas aos SEUS olhos, mesmo que tal resultasse na sua completa abolição.
A
Humanidade já evoluiu em muitas tradições que foram consideradas bárbaras a
partir da expansão da consciência coletiva. Por exemplo a escravatura que foi
abolida não há muitos séculos mas que ainda teima em persistir mais ou menos
clandestinamente em alguns países. O racismo que ainda há bem pouco tempo era
assumido como forma de organização e segregação social e económica, em determinados países,
como por exemplo o apartheid na África do Sul. Isto para não falar na tradição Romana, de há cerca de 2000 anos, do espetáculo do sacrifício de seres humanos comidos pelas feras, só porque tinham uma crença religiosa diferente.
Todas
as tradições são o que são. Não são boas nem más. Fazem parte da egrégora dos povos enquanto estes coletivamente as aceitarem como são. Constituem-se como carmas coletivos e sociais para todas as almas que escolherem encarnar no seu seio. Cumpre-nos a nós enquanto membros desses povos fazê-las evoluir e não negá-las
ou pormo-nos à parte.
Afinal as tradições são o que os nossos olhos sentirem que são e apenas isso. Mas sintam-nas sempre a partir da vibração dos vossos corações em AMOR.
Fiquem bem...
(A Mónada)
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