Na vida, acontecimentos diversos levam-nos a viver a ilusão que controlamos tudo e que somos bons no que fazemos. Até mesmo quando a nossa actividade está plena do propósito que nos entusiasma. Até mesmo quando temos dons especiais que os outros reconhecem com facilidade e que nos enchem de realizações pessoais.
De um momento para outro, alguma coisa falha… e não conseguimos continuar a ser reconhecidos como gostaríamos de ser. Os processos começam a complicar-se e deixamo-nos invadir pelo desânimo, pela frustração e pelo medo da rejeição dos outros… lutamos por causa das nossas posições, das nossas crenças, da nossa dignidade e por fim acabamos por ser rejeitados mesmo, tendo de assumir perdas dolorosas que nos podem causar imenso sofrimento.
Como sair deste ciclo vicioso?...
Conta-se uma história acerca de um mestre que para ensinar isto mesmo a um dos seus discípulos lhe coloca o seguinte paradoxo: “Imagina que tens um ganso pequeno e o colocas numa garrafa de vidro e o vais alimentando. Vai chegar a uma altura em que ele engorda e só o consegues tirar de lá se partires a garrafa ou matares o ganso, o que não é permitido. Então o que fazer?
O discípulo continuou a pensar neste paradoxo até que se apercebeu que o seu mestre não estava minimamente preocupado, nem com o ganso e muito menos com a garrafa... este paradoxo era apenas uma charada, uma metáfora. A garrafa era a mente e o que nós somos é o ganso... apercebendo-nos disso é então possível sair da garrafa. Na maioria das situações e apesar de não sermos a mente identificamo-nos tanto com ela que julgamos fazer parte dela! Julgamos que estamos dentro dela!”
Referindo isso ao Mestre ele ainda realçou: “Compreendeste. Bravo!!! Agora mantém sempre o ganso do lado de fora da garrafa pois ele nunca esteve lá dentro.”
Neste caso, deixar o ganso do lado de fora da garrafa significa saber reconhecer a garrafa, conhecer as capacidades e as limitações da nossa mente pois é ela que cria a nossa imagem e o nosso Ego. É a mente que nos impõe barreiras e medos que não nos deixam ver para além deles, sobretudo de questões que colocam em risco a nossa posição, as nossas crenças e a nossa dignidade.
E tu aí que és o "ganso" desta história achas que és a tua dignidade para te manteres dentro dela? Achas que és a tua posição para te manteres nela? Achas que és as crenças e os condicionalismos que te impõem para acreditares neles e viver dentro deles?
Consegues ver afinal a tua "garrafa"? Ou ela é de um vidro rígido mas tão transparente que não te apercebes onde estão os seus limites?
No momento em que te aperceberes da tua garrafa, e de todos os seus contornos, podes sair livremente dela… esse é o momento da libertação que te causará uma rara felicidade interior, mas cuida para não te enfiares num outra mais subtil e por isso ainda mais dolorosa e limitativa. Lembra-se que de facto tu és sempre livre e que é a tua mente e o teu Ego que construíram essa nova garrafa em que te julgas enfiado.
A maior parte de nós que não tem consciência das características da sua mente, muitas vezes uma mente sofredora, outra boa samaritana, outra messiânica, outra aventureira… mas tendencialmente lá volta a tentar meter-nos numa nova garrafa cada vez com os contornos mais imperceptíveis.
E qual é a solução perguntas-me tu?
Saberes pelos padrões das dificuldades que encontras na vida quais são as suas características predominantes e que tens de curar.
É preciso estares muito atento e perceberes que as dificuldades surgem para aprenderes a libertares-te delas. A isto chama-se transcendência. Mas nota que a libertação não é mesma coisa que fuga. É saberes como tens de sair da “garrafa” onde te meteste e isso só o reconhecerás se souberes em cada momento que afinal nunca lá estiveste dentro dela.
Parece um contra-senso mas acredita que é o único caminho.
Nunca te esqueças que afinal tu és uma linda criatura de LUZ e AMOR.
Tu és livre e só liberto poderás AMAR e ser AMADO.
Fica bem
(A Mónada)
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