quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Viver morto para a Vida!


“Um homem de negócios foi visitar o Mestre. Este, era tido como um reservatório imenso de sabedoria, e o homem de negócios, apesar de todos os seus afazeres, não quis deixar de o conhecer, principalmente para tentar entender o desapego quase total que lhe atribuíam.

Na presença do Mestre então este perguntou-lhe:
- Poderás tu dizer-me algo que possa melhorar a minha vida? Sinto que a felicidade escapa-me entre os dedos, apesar de ter tudo o que materialmente desejo. O que é que posso fazer mais?
O Mestre então respondeu-lhe:
- Já não és propriamente jovem. Penso que te deverias dedicar um pouco à vida espiritual. A existência é muito mais do que a mera satisfação dos desejos da carne ou da matéria.
- Mas oh! Mestre! – retorquiu-lhe o homem – Tem toda a razão. Mas o meu quotidiano é uma corrida contra o tempo. Tenho três grande empresas para gerir, dezenas de lojas espalhadas pelo país, sucursais no estrangeiro, um activo imobiliário imenso, ações e mais de um milhar de empregados. Para que tudo corra bem preciso de periodicamente me reunir com políticos e outros empresários. Para além disso, ainda dou palestras de economia e empreendorismo, dou entrevistas para revistas especializadas e para os jornais do mundo inteiro, enfim, para mais nada me sobra tempo. Costumo até a dizer que “nem tempo tenho para me coçar”.

O Mestre então respondeu-lhe:
- Se assim é então estou certo que quando faleceres alguém dirá: - Morreu um homem de negócios cuja vida foi totalmente dedicada a eles e a todo um conjunto de futilidades e inutilidades. Um homem que na verdade, em dezenas de anos, não viveu um único dia. Um homem, que pesa embora ter tido sucesso nos negócios, no entanto viveu uma vida escravizado pelo que julgava ser a sua obrigação, e que por isso, esta Vida acabou por não merecer em momento algum ser vivida.
Imagina então que na sua lápide ficaria registado: Aqui jaz um homem que viveu morto para a Vida!”

Conto retirado do Livro “Brumas do Tempo” de José Caldas

Aqui está mais um conto que nos revela, o que na sociedade humana se considera um felizardo rico, um homem bem sucedido, um homem bem realizado. No entanto, completamente morto para a Vida Espiritual que todos, sem excepção, ambicionam.

Ele próprio, no declinar da sua vida já sentia a necessidade da sua alma em efectuar o despego, e entregar a outros o que já não conseguiria fazer bem. Provavelmente, do alto do seu Ego e no seu apego aos negócios, até achava que a sua vida estava cheia de um propósito mais elevado, ao tentar em cada momento preservar ou até potenciar tantos empregos. 

Porém esquecia-se do principal! De si mesmo! Até porque verdadeiramente ninguém ajuda ninguém se não estiver bem, equilibrado e disponível para tal.

Se por acaso até fosse um empresário ganancioso e explorador, então ainda pior. Mesmo tendo satisfeito todos os seus desejos materiais e até familiares, nunca se poderia sentir feliz e satisfeito consigo mesmo.

Enfim! Dá que pensar... Afinal o que mais precisamos para sermos felizes?

Fiquem bem

(A Mónada)

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