domingo, 17 de novembro de 2019

O Ser que Somos...


"Nós só podemos ver o Céu, o Sol e a Terra, só podemos aperceber-nos da existência do mundo físico, graças ao princípio invisível em nós, que nos permite tomar consciência deles através dos órgãos físicos que são os nossos olhos. Se esse princípio invisível não existisse em nós, os nossos olhos não serviriam para nada, não veríamos nada nele. O mundo visível é apenas o invólucro, a casca, do mundo invisível, sem o qual não poderíamos conhecer nada de tudo o que existe à nossa volta.

Nós não vemos a vida, mas vemos as manifestações da vida; não vemos os pensamentos e os sentimentos, mas vemos as suas diferentes expressões, por intermédio dos atos e das criações que eles inspiram. Do mesmo modo, o mundo que conhecemos apenas representa condensações, secreções, invólucros do ser invisível que criou o Universo e o vivifica. E aquilo que se vê é sempre pouca coisa em comparação com o que não se vê. 

Tudo o que nos rodeia revela-nos os limites daquilo que se vê e a imensidão daquilo que não se vê."

Omraam Mikhaël Aïvanhov com este texto tenta explicar-nos a diferença entre o Ser que toma consciência e o halograma que ele mesmo cria e a que lhe chama de "realidade".

Sem explicar com argumentos científicos, este instrutor vai ao encontro da nossa essência espiritual, como sendo algo invisível e até oculto que, refugiando-se num invólucro – o corpo –, vai recriando o seu próprio Universo, vivifiando-o.

Igualmente destaca a fraca capacidade de captação dos nossos órgãos sensoriais, muito em particular dos nossos olhos que enquanto câmaras de filmar, apenas captam 4% de matéria bariónica, no contexto de tudo o que existe, coisa que hoje a ciência considera como plausível.

Porém até mesmo esses 4% não são vistos nem tão pouco consciencializados na totalidade, na medida em que o nosso cérebro apenas distingue o que conhece e é nessa capacidade de discernir que se encontra a visão com a qual construímos uma "realidade", diferente da que qualquer outro vê, pois depende da capacidade de cada um distinguir o que os seus olhos captam, que por sua vez depende no conhecimento e da vivência de cada um.

É esta “realidade” personalizada que se dá o nome de halograma, na medida em que esta depende em grande parte do observador e não do que se observa.

Mas se ainda nos resta alguma réstia esperança de que essa pseudo realidade possa existir da forma como a vemos, em função do que chamamos de realidade comum, ou seja: se o que eu vejo é o mesmo que tu vês, então é porque ela existe da forma como ambos a vemos... e assim criamos halogramas comuns... então vejamos como operam essas mesmas câmaras de filmar que temos e a que chamamos olhos.

Em função da existência de uma retina e da necessidade de existir uma transmissão iónica de sinais para o cérebro, apenas captamos cerca de 20 imagens em cada segundo, o que é manifestamente pouco quando compararmos com qualquer tipo de Smart TV que hoje em dia projecta através do seu LCD entre 100 a 1000 imagens em cada segundo. Na prática, mais de 80% das imagens que a nossa TV projecta não são captadas pelos nossos olhos, no entanto ficamos convictos da continuidades das imagens que vemos.

Quando ganhamos consciência do que de facto ainda chamamos de “realidade” perguntamo-nos: Afinal o que é mais real? O que vemos no nosso exterior, no dito mundo das formas, ou o que criamos em cada momento no nosso interior que aprendemos a desvalorizar e a chamar-lhe de imaginação?

Afinal quem é este Ser que contempla e que se observa?

Fica bem...

(A Mónada)

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