segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A queda e o Erro.

“Um feiticeiro africano conduz o seu aprendiz pela floresta. Embora seja mais velho, caminha com agilidade enquanto que o aprendiz escorrega e cai a todo o instante. O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro e continua a acompanhar o seu mestre.

Depois de uma longa caminhada, chegam a um lugar sagrado. Sem parar, o feiticeiro dá meia-volta e começa a viagem de regresso.

- Já de volta? Mas hoje não me ensinou nada – disse o aprendiz dando mais um valente tombo.
- Ensinei-te sim, mas parece que não aprendes – responde o feiticeiro. – Estou a tentar ensinar-te como lidar com os erros que cometemos na vida.
- E como se lida com eles? Pergunta o aprendiz.
- Como deverias lidar com as tuas quedas – responde o feiticeiro. – Em vez de amaldiçoares o lugar onde cais, devias era perguntar-te o que te faz escorregar e cair.”

Texto adaptado do livro “Maktub” de Paulo Coelho.

De facto é assim na vida, muitas vezes já sabemos qual é o nosso erro, até porque já escorregámos e caímos antes, mas estamos sempre a ser testados para ver se aprendemos de facto. Escusado é amaldiçoarmos as quedas pois elas são inevitáveis e não são “azares” da vida. Podemos até perceber o que as causou, mas a aprendizagem só se completa, se quando testados, não escorregamos mais.

Este é o processo maravilhoso em que o mistério da vida se desenrola. O nosso caminho está cheio destes precalços que atraímos e que fazem parte da nossa aprendizagem pelo erro. Se não formos capazes de intuir e de nos irmos auto-conhecendo, será assim que se desenrolará a vida. As quedas são inevitáveis e qualquer mestre que nos ame fará o que este feiticeiro fez ao aprendiz. Insistir até que aprendamos a não escorregar e cair, a não errar mais.

Este é o amor do mestre.


Porque ficamos aborrecidos então? Porque nos revoltamos com a vida se fomos nós próprios que a escolhemos assim? Porque teimamos em achar que somos os mais azarados, quando nada acontece por acaso?

Não julguem, nem por um minuto, que quer o feiticeiro quer o que escreve estas mesmas palavras, não escorregam e caiem muitas vezes. Caímos sim. Afinal é assim a natureza humana, até costumamos dizer: “Errar é Humano. Não errar é Divino”.

Mas perante este propósito e este Supremo desígnio, só podemos estar gratos da oportunidade de aprender, mesmo que seja através do errar muitas vezes. Agradeçam sempre a queda e as adversidades da vida pois elas são uma grande oportunidade para o nosso plano evolutivo. Para isso precisamos de entender que é preciso cair, saber cair, mas é também necessário aprender a erguermo-nos.

Um mestre uma vez disse: “Errar uma vez é normal para quem arrisca e tenta aprender. Errar muitas vezes quer dizer: ou não se consegue aprender ou não se quer aprender, o que é pior.

Não se esqueçam que aprender é quando conscientemente mudamos algo na nossa vida que está mal. Mas na maior parte das vezes é tão difícil nos apercebermos do quê.

Sabe-se lá, para quem escorrega e cai sistematicamente, se não é essa mesma a aprendizagem a fazer – A ENTREGA – ou seja, entregar-se com amor e gratidão, ao processo que nos provoca tanta dor.

Que a entrega ao mistério da vida seja feita sempre a sentir uma imensa gratidão e amor.

Fiquem bem.

(A Mónada)

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom.Fez-me sentir o que tanto nos custa interiorizar,a dor da nossa incapacidade humana e,ao mesmo tempo para os que escolhem,a grande oprtunidade de crescer com a vivencia dessa dor.Obrigada . Acrosh

Anónimo disse...

É verdade sim...
Embora custe, temos q cair muitas vezes para conseguir aprender a n cair...e de cada vez q caímos temos q tentar extrair uma lição e abençoar a queda q nos fez ver o erro!
Obgada!