Conta-se que um grande místico vivia em
silêncio e solitário, até que foi um dia, acordado por um anjo, um mensageiro de
Deus. O místico esfregou os olhos e sentou-se para ver esta lindíssima angélica
presença que estava mesmo à sua frente.
O anjo pelo seu lado olhou para os seus olhos e disse-lhe:
- Deus
está muito feliz contigo. As tuas preces foram ouvidas e aceites e eu estou
aqui para realizar os teus desejos. Basta que me peças, seja o que for, e todos
eles serão imediatamente atendidos.
O místico ficou um pouco confuso e respondeu-lhe:
- Meu anjo, você chegou um pouco tarde. Houve um tempo em
que precisei de muitas coisas e tive muitos desejos, mas isso agora acabou. Os
meus desejos foram-se todos. Eu me aceitei e aceitei a forma como vivo e por
isso vivo satisfeito com o que sou e tenho. Nem mesmo me importa mais se Deus
existe ou não. Continuo a rezar mas por que isso me faz bem. Rezo como respiro.
Por isso acho que chegaste tarde demais pois não tenho mais desejos.
- Mas Deus ofereceu-te esta graça – retorquiu-lhe o anjo. –
Não podes ofendê-lo dizendo-lhe isso. Por favor, para meu e teu próprio bem,
pede-me alguma coisa.
- O que é que eu tenho de pedir? – perguntou o místico. –
Estou feliz e satisfeito com o que sou e tenho, como já te tinha dito. Para
além disso tudo está perfeito.
Mas se insistes que eu peça algo, então diga a Deus que
desejo continuar a permanecer sem desejos. Que me ofereça a completa ausência
de desejos.
(história Sufi de autor desconhecido)
E você aí que lê este texto. Já alguma vez se sentiu assim?
Provavelmente não pois a ausência de desejo e plena satisfação de todas as
nossas necessidades é algo que muitos consideram impossível ou quase não
Humano. Faz parte da condição Humana desejar sempre algo, pois a mente física
oscila permanentemente entre o futuro que ainda não existe e o passado que já
passou mas que se constitui em memórias que condicionam as nossas ações no
presente, na medida em que as mesmas estejam associadas a emoções mais densas
como o medo, a culpa e o pesar.
Quando nos focamos no momento presente, observando tudo o
que nos rodeia, vivendo simplesmente a vida que nos é presenteado neste Mundo
das formas. O desejo simplesmente não existe pois ele pertence ao futuro.
Com a frustração dos desejos não supridos, simplesmente
acrescentamos mais bagagem emocional que vamos transportando ao longo da nossa
vida até não podermos mais com ela. É essa muitas vezes a grande razão das
nossas crises e dos nossos problemas.
A vida sem desejo não significa deixar procurar o nosso
caminho e o nosso propósito. Simplesmente significa, como é referido no texto,
apenas aceitar hoje e em cada momento a graça da vida tal como ela é. Viver sem
desejo é encontrar a plenitude da Paz e da Felicidade e tal nunca poderá
significar que se viva sem objectivos e sem o planeamento necessário... nem que
seja para atingir este mesmo estágio de “não desejo”. Simplesmente significa
que se vive, aceitando, cada momento que a vida nos dá na plenitude da Graça
Suprema de Deus.
Reflita agora um pouco. Quantos desejos ainda têm. Saúde?
Dinheiro? Reconhecimento Social? Fama?
Cada um de nós é apenas uma energia consciencial encarnada
para co-criar no Mundo das formas, de acordo com a sua essência que é Deus. Por
isso a melhor forma de existir é escolher viver o nosso momento presente com o
sentir do Amor da nossa Alma. Sem desejos. Apenas escolhendo e co-criando em
cada momento a experiência da própria existência.
Viva cada momento de cada vez no “Aqui e Agora”...
Fica bem.
(A Mónada)
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