sábado, 13 de janeiro de 2007

"Moisés e o Pastor" e a poesia de Rumi

Hoje sintam a energia desta história e da poesia de Rumi.

"Certa vez, Moisés ouviu um pastor rezando assim:
- Oh! meu Deus mostra-me onde estás, para que eu possa tornar-me Teu servo. Limparei Teus sapatos e pentearei Teus cabelos, coserei Tuas roupas e irei buscar leite para Ti".

Ao ouvi-lo rezar dessa maneira insensata, Moisés repreendeu-o, dizendo:
- Oh seu tolo! Embora teu pai fosse religioso, tu te tornaste um infiel. Deus é um Espírito, e não precisa desses cuidados grosseiros, como tu, em tua ignorância, supões.

Envergonhado com essa censura o pastor rasgou suas vestes e fugiu para o deserto. Então ouviu-se uma voz vinda do céu dizendo:
- Oh Moisés! Porque o fizeste partir? Teu ofício é reconciliar meu povo comigo, e não afastá-lo de mim. Dei a cada raça diferentes costumes e formas de louvar-me e adorar-me. Não tenho necessidade de seus louvores, pois não sou purificado por eles. São os Homens que se tornam puros e brilhantes com isso. Não considero o exterior e as palavras, considero o interior e o estado do coração. Olho o coração, se ele é humilde, embora as palavras possam ser o inverso da humildade. Porque o coração é substância, e as palavras, acidente. Acidentes são só um meio, a substância é a causa final. Não considero as palavras, mas um coração ardente."


Texto adaptado de extratos do Livro II - História VII - Masnavi, Rumi

Editora Dervish, Brasil

AS FORMAS RELIGIOSAS NÃO IMPORTAM mas sim:

O CORAÇÃO E A ALMA

A brisa da manhã trouxe-nos uma mensagem:
Viste tu no caminho um coração pleno de fogo,
viste tu este coração abraçado e cheio de paixão
que incendeia cem rochedos de sua chama?

Quem terá visto algo que em realidade existe, mas não se manifesta?
Quem terá visto o que se manifesta no coração, mas não repousa nos lábios?
Quem terá visto aquele que é a realidade do mundo, mas não se encontra no mundo?
Quem terá visto na existência e na não-existência uma tal não-existência?

Jalaluddin Rumi
Rubâi’ât (Paris: Albim Michel, 1993)

Fiquem bem com o vosso coração terno e ardente de Amor.


(A Mónada)

5 comentários:

mymind disse...

lindo!
coraçao humild eh do melhr k ha =)
bjs e bm f-d-s!

Chellot disse...

"...o coração é substância e as palavras acidentes."
Verdadeiramente não importa como falas com Deus ou com a Força Maior que te guia, mas sim o que sentes.

Um caminho que vistarei novamente.

Beijos ao vento.

Defensor disse...

Saudações
Uma bela história. E realmente ´que importa, mais do que qualquer religião, é o coração e a alma.
Muito bem.
Abraços

(A Mónada) e MARLIZ disse...

A humildade do coração ardendo de AMOR é a base de uma ligação ao Divino que há em nós e através dele estamos ligados ao que TUDO É... A DEUS.

Obrigado meus amigos pelos vossos comentários...

Fiquem bem.

o alquimista disse...

As formas religuosas importam, são os melhores caminhos que levam as boas vontades ao coração...texto estupendo...

Doce beijo