quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Adágios da Senda Interior


I

Aquele que trilha a senda deve
reconhecer o princípio da unidade,
nele fundir-se e dele tornar-se pura expressão.


Ao homem foi entregue um dom, o dom de autoconhecer-se. Porém, esse dom necessita ser por ele desenvolvido e dinamizado; necessita ser transmutado em luz e sabedoria.

Se assim for, o seu ser tornar-se-á expressão cristalina da Suprema Existência. Seus actos serão inocentes, mas poderosos; puros, mas redentores. Ele se converterá em um verdadeiro servidor. Seu olhar dissipará as ilusões que prendem seus irmãos ao mundo material; suas palavras acalentarão os que se esqueceram da própria Origem e os farão voltarem-se a ela. Essência e forma estarão nele unificadas. Perceberá o sentido da vida oculto em cada partícula, compreenderá o sagrado idioma dos deuses e, com humildade, penetrará os templos internos. Não haverá o que possa impedir seu caminhar. Seus passos serão firmes, mas não deixarão marcas no solo. Sua respiração será profunda, porém inaudível. Seus movimentos estarão em harmonia com o cosmos; sua voz levará cura e paz aonde se fizerem necessárias.

Os que pensarem conhecê-lo nada dele verdadeiramente saberão; todavia, em seu coração, ele a todos conhecerá. Para ele não haverá segredos no mundo dos homens. Para ele existirá um só Segredo - ao qual devotará toda a sua existência.



II



A consciência é omnipresente.
O peregrino deve penetrar sua essência.


Os homens percebem o universo e a verdade segundo o grau em que já despertaram para a realidade imutável. Apesar de todos estarem imersos no mesmo oceano cósmico de vida e consciência, a percepção de cada um é única.

A existência do homem é como um sonho que se desenvolve dentro de um sonho maior: planetário, universal e cósmico. Aquilo que ele capta como o mundo à sua volta - o conjunto de imagens que absorve por meio dos sentidos - uma projecção do seu ser. Assim, o que crê estar fora de si mesmo está em seu interior, é sua própria consciência. Na realidade, está numa Consciência omnímoda e omnipresente.

Os limites entre o interno e o externo são lhe impostos por sua identificação com os corpos que utiliza para expressar-se no mundo das formas. Todavia, é uma identificação ilusória, e se esvai, como a bruma ao ser tocada pelos raios do sol, quando o homem finalmente se aproxima da verdade interior.

Novos Oráculos - Trigueirinho - Editora Pensamento


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(A Mónada)

2 comentários:

Anónimo disse...

Tenho cá vindo pela via silenciosa. Hoje não resisto a deixar-te um abraço pelo excelente trabalho que aqui desenvolves. Muito bom.
António R.

o alquimista disse...

Tu és uma Avatara eu sabia!Vives entre a terra e o imenso do pensamento no caminho secreto dos pássaros...


Doce beijo